“#só
porque eu sou pobre, não posso sonhar em ser bem sucedido#”.
Prezado aluno do IFSP,
Não é de hoje que se configura a
abrasadora luta de classes. Desde a Revolução Francesa, vimos crescer essa
peleja por melhores condições de vida. Talvez isso que esteja incomodando a
você, certamente tem instigado muitos estudiosos e pensadores que, ao longo dos
séculos, vêm buscando respostas, e quiçá soluções, para este questionamento em
particular.
Segundo François Dubet, “Poderíamos alongar indefinidamente a lista
das “novas” desigualdades, conscientes de que sempre correríamos o risco de
contrariar esse ou aquele grupo por não reconhecê-lo como vítima de
desigualdades. Mas a análise dessas múltiplas desigualdades transformou
sensivelmente o olhar dos sociólogos, porque a maioria delas não se reduz nem
ao berço nem à posição de classe, mas resulta da conjugação de um conjunto
complexo de fatores, aparecendo mesmo, muitas vezes, como o produto, mais ou
menos perverso, de práticas ou políticas sociais que têm como objetivo
justamente limitá-las”.
Por essa via, podemos perceber que
pelo sistema atual em que vivemos, somos levados a acreditar que, se somos
fracassados é porque não nos esforçamos o suficientemente para alcançar os
méritos necessários para sermos “bem sucedidos”. Assim, na visão de Dubet “Como, desde o nascimento, os indivíduos não
eram considerados iguais perante a
educação, os insucessos
escolares podiam ser facilmente explicados por
causas sociais, pela injustiça
do sistema e, às vezes, pelas injustiças ‘naturais’,
sendo as crianças do povo
consideradas menos “dotadas” e menos ‘ambi-
ciosas’ que as da burguesia. A
‘vantagem’ de tal sistema era a de não ques-
tionar a autoestima dos alunos
sem acesso às carreiras mais valorizadas
que, aliás, não eram feitas
para eles”.
Embora ele esteja citando uma
situação esporádica na França, isso não nos impede de relacionarmos com o
sistema social e educacional brasileiro.
Entretanto, ainda temos visto
organizações que prezam pelo ensino público e de boa qualidade. Muitos
profissionais que se engajam em causas sociais as quais buscam, dentro das
possibilidades, melhores condições de vida e de educação para todos. Um bom
exemplo são as Comunidades de aprendizagem as quais oferecem uma proposta de
transformação social e cultural que envolve alunos, professores, pais e demais
cidadãos locais na construção de um projeto educativo e cultural próprio,
pautada na troca de conhecimentos.
Todos têm muito para aprender, mas,
sem dúvida, muito mais para ensinar. Se você, caro aluno, já tem essa visão
crítica de mundo, sem dúvida, já deu o primeiro passo para ser sim “bem
sucedido”.
Boa
sorte!
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