Carta devolutiva sobre a
frase: "Me chamaram de viado, eu disse "não sou viado, sou
LGBT".
Olá!
Sua mensagem me chamou a atenção e gostaria de comentá-la, trazendo informações que podem ajudá-lo (a) a esclarecer as pessoas a seu entorno e a compreender este movimento, cuja luta não é só sua, mas fortalece-se no plano coletivo.
Sua mensagem me chamou a atenção e gostaria de comentá-la, trazendo informações que podem ajudá-lo (a) a esclarecer as pessoas a seu entorno e a compreender este movimento, cuja luta não é só sua, mas fortalece-se no plano coletivo.
O movimento gay começou a organizar-se no
final da década de 1970, quando outros grupos sociais também articulavam-se, em
defesa da visibilidade e pela luta por direitos civis. Desde esta época (até
hoje), a luta era/ é árdua e passa pela desconstrução dos parâmetros da
homossexualidade, que é uma construção social e como tal, pode ser
ressignificada histórica e culturalmente.
Estudiosos
no campo da homossexualidade, ressaltam que o objeto da luta não é a repressão, mas a
cultura brasileira. Este preconceito surge por um processo histórico e social,
de uma mentalidade pautada em tabus que é transmitida geracionalmente. Contudo,
muitas concepções se modificam e, desta forma, o processo educacional é uma via
potente de ação, que objetiva a formação de novas gerações de sujeitos responsáveis
por mudanças de visões, posturas, hábitos e transformação de pessoas a partir
de um conhecimento de si e do mundo.
Estes
desafios ainda estão presentes. A mudança da mentalidade social é morosa,
contudo, cada palavra e ação em prol deste movimento, atinge pessoas, e aos
poucos, a cultura se modifica, por meio do esclarecimento e da educação. Coletivamente,
ampliamos a força de ação. Compartilho a experiência de coletivos sobre o
movimento feminista e LGBT na UNESP/Araraquara, como um exemplo positivo de
articulação. Há reuniões periódicas para discussão destes temas e até a
"semana da sexualidade".
Este
movimento vem constituindo-se como um espaço importante na luta por direitos,
por visibilidade, por emancipação e por justiça, em prol da mudança cultural. Você
representa outros milhões de pessoas que merecem e tem o direito de serem
ouvidas e respeitadas.
Segundo
Ferrari (2007, p. 351), "como lembra Boaventura Santos, quem questiona
sobre sua identidade está questionando o seu lugar no mundo e o lugar dos
outros". Questionar é importante, em qualquer âmbito. Isto nos mantém
vivos enquanto cultura, história e enquanto sociedade.
Abraços
e força nesta luta, que é de todos e de todas nós!
Referência: FERRARI,
Anderson. Sexualidade: Revisando o passado e construindo o presente: o
movimento gay como espaço educativo. In. BRASIL. Educação
como exercício de diversidade. Brasília: UNESCO/MEC/ANPEd, 2007 p.
349. Disponível em:
<file:///C:/Users/Maria%20Carolina/Downloads/Educa%C3%A7%C3%A3o%20como%20exerc%C3%ADcio%20de%20diversidade.pdf>.
Acesso em: 26/08/2018.
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