Cara autora da
frase: “O lugar dela é na cozinha. E lugar de gente sem senso? Será que já
inventaram? ”,
Começo esta carta afirmando estar de acordo
com suas palavras. O Brasil ainda é um país extremamente machista, patriarcal,
racista, homofóbico, mas se usa de falsas roupagens para dizer que isso não é
verdadeiro. Penso que a explicação para a origem do pensamento por você contestado
pode ser buscada na história.
Simone de Beauvoir no
começo de seu livro: “Segundo Sexo” explicou que a origem da desigualdade entre
homens e mulheres teria começado com a divisão do trabalho, isso no início da
história da humanidade. A história do Brasil também fora extremamente marcada
pela submissão das mulheres. Se
pensarmos no Período Colonial, os homens, em geral, eram incentivados a iniciar
sua vida sexual antes do casamento, enquanto, as mulheres tinham que permanecer
virgens. Além disso, sabemos que as mulheres negras e escravizadas eram muitas
vezes abusadas sexualmente e moralmente, pelos donos de engenho. As mulheres casadas
com estes homens, muitas vezes sabiam desta situação, mas não tinham direito à
contestação. Ao mesmo tempo, algumas destas vingavam à atitude de seus maridos,
nas mulheres negras escravizadas, que como já dito, haviam sido vítimas da
violência sexual!
Uma das primeiras formas
de inserção das mulheres brasileiras no mercado de trabalho foi por meio da
docência. Observe que aqui, quando nos referimos às mulheres, estamos falando
das oriundas de famílias privilegiadas. Até hoje, se você observar verá que a
profissão docente é predominantemente composta por mulheres, cujos salários são
baixos, se comparados à outras profissões que também exigem ensino superior. Além
disso, ainda hoje, a história da ciência é pouco vinculada à figura das
mulheres e a educação ainda não é de acesso à todas (basta lembrarmos da luta
de Malala).
Penso a escola como local
privilegiado na mudança de mentalidade da população, ainda que com projetos
como o “Escola sem partido” seu papel de formação do sujeito crítico venha
sendo de difícil execução. A proposta de
atividade do IFSP, neste sentido, mostra-se uma atitude necessária e corajosa.
Movimentos sociais como o
feminismo, assim como o conhecimento e a problematização de atitudes que
inferiorizam o papel da mulher na sociedade são importantes neste processo de
rompimento de uma visão natural da divisão do trabalho.
Agradeço pela atenção e
oportunidade de reflexão,
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