Bro, não foram os negros que criaram a
divisão de raças, bro”
Há
atualmente uma abertura de diálogos e espaços de fala direcionados, ou mesmo
tomados, para e pelas chamadas minorias (que são minorias em direitos
consolidados, não em números, pois essas minorias são uma imensa parcela da
população brasileira). É o caso dos negros e de outros grupos étnicos/raciais,
como os descendentes dos povos originários que, historicamente, sofreram e vem
sofrendo as mais diversas violências, físicas ou não, de forma direta ou
indireta, presente de maneira quase palpável ou nas pequenas sutilezas, nos
mais variados ambientes e espaços, inclusive aqueles que se propõem livres e/ou
democráticos. A escola, nesse sentido, é um desses ambientes. Mesmo com todas
as conquistas e os avanços alcançados relacionados à ciência, à tecnologia, às
humanidades e demais áreas, ainda há muito pelo o que lutar e desmistificar. As
lutas devem alcançar a esfera pública e política, incluindo a escola e a
educação como um todo, por espaços, visibilidade, mudança de tratamento,
respeito e oportunidades, reais e de cunho estrutural, para além de medidas
paliativas e superficiais, mesmo considerando de vital importância àquelas
tomadas como especiais e/ou provisórias/temporárias, desde que promovam ou
busquem promover mudanças verdadeiras. Nesse sentido, a título de exemplo, as
atuais ações/políticas afirmativas, das quais fazem parte as cotas raciais, são
de extrema importância, pois evidenciam problemas e injustiças históricas,
visto que nosso país possui uma dívida histórica e impagável para com os
negros. Não foram estes os precursores ou causadores das mazelas sociais, mas
sim os mais atingidos pelo abandono e exclusão de um Estado omisso e opressor,
que relegou seus próprios filhos à exploração de uma elite racista e
preconceituosa, cujos frutos ainda são visíveis hoje. Talvez justamente por
isso que a visibilidade, a mobilização e o empoderamento negro, cada vez mais
pungente, cause tanto incômodo para muitos, pois revela ou escancara a sua própria
pequenez, as suas limitações e os seus preconceitos. Assim, a entrada e a permanência
em número cada vez maior de negros e negras em todas as áreas, espaços e níveis
sociais e de educação, sobretudo naqueles mais elitizados, representa um avanço
sem precedentes, um movimento de luta e de resistência, resultado de conquistas
que devem ser mantidas, incentivadas, reproduzidas e aprofundadas.
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