martes, 11 de septiembre de 2018

O que é o "nãoénãoIFSP"

Olá Pessoal

Essas são algumas cartas escritas especialmente para os alunos do ensino médio integrado do IFSP- São Carlos, em devolutiva a uma atividade que envolveu frases de impacto sobre respeito ao outro.
As cartas foram escritas pelos alunos da Especialização em Educação: Ciência, Tecnologia e Sociedade.
Quer saber mais sobre o IFSP, acesse o Link:

https://scl.ifsp.edu.br/portal/

Comentários e devolutivas das cartas são bem vindas.

Mais informações sobre a atividade pelo e-mail crios@ifsp.edu.br

Profa. Dra. Carla Ariela Rios Vilaronga
Docente do IFSP- São Carlos
Coordenadora Sociopedagógico 



Na hora do pornô lésbico ninguém é homofóbico.”


            Prezados(as) colegas estudantes do IFSP.
            Ao tomar contato com algumas frases escritas por parte de vocês, me lembrei de fatos que vivi, direta e indiretamente, relacionados à homofobia e questões relativas à sexualidade das pessoas. Também fui provocado a relatar alguma experiência pessoal sobre preconceito, a princípio genérico, e imediatamente me lembrei de uma situação em que eu fui o preconceituoso. Isso ocorreu há mais de 25 anos, quando eu estava no Ensino Fundamental e, junto com meu grupo de amigos meninos, praticávamos o que conhecemos hoje por bullying contra um colega que achávamos “diferente” de nós. Usei o termo entre aspas pois apesar de à época o motivo das nossas ações (o comportamento “afeminado” do colega) nos ser claro, penso que não tínhamos a menor ideia do motivo que nos levava a repudiar isso. Hoje, adulto e possivelmente mais esclarecido do que naquele tempo sobre essa temática, tenho certeza sobre aquela ignorância.
            Esse é, portanto, o cerne daquilo que gostaria de dizer a vocês. Penso que não somente a homofobia, como grande parte dos pensamentos e ações preconceituosas, têm sua origem na ignorância, no desconhecimento. Eu chamo isso de “ignorância aprendida”, pois apesar de paradoxal, esse termo remete a um comportamento “aprendido”, uma vez que se trata de um algo espelhado nas ações geralmente praticadas por alguma referência, como a família ou os amigos, mas que apesar disso, formam um grupo de pessoas que pouco refletem criticamente sobre seu modo de pensar e de agir.
            Baseado em um texto que li para escrever esta carta, digo a vocês que é fundamental que se discuta aberta e fundamentadamente sobre homofobia nas escolas, nos lares, nas comunidades, nos grupos sociais e etc. Isso foi uma das origens dos movimentos sociais que ao longo da História conseguiram mudar alguns padrões comportamentais. Se hoje vejo o absurdo das minhas ações na infância, devo ao esclarecimento que tive ao longo dos anos, sobre o sofrimento daqueles(as) que são vítimas desse e de outros preconceitos. Porém, é importante ressaltar que essas mudanças começaram o ocorrer de maneira significativa na sociedade contemporânea somente a partir da década de 1970. Ou seja, ainda há muito a ser discutido e trabalhado sobre essas questões.
            Vivemos em um mundo contraditório, no qual informação e ignorância estão espalhados pelas ondas da internet. Cabe a nós, que temos acesso a espaços de reflexão, estudo e discussão sobre aquelas questões, o papel de sermos difusores desse conhecimento, na intenção de que mais pessoas possam reconhecer seus erros e mudar suas práticas. Seria esse, talvez, um compromisso democrático que temos, tendo em vista o objetivo de que um maior número de pessoas possa viver de maneira digna da forma como realmente se reconhecem, tendo a certeza que serão respeitados(as) por isso.
Atenciosamente,

Sou preto, mas não sou ladrão




Dentre tantas frases elaboradas, a sua despertou a necessidade de comunicar-me com você. Então, por meio dessa carta espero compartilhar conhecimentos que adquiri no decorrer dos meus 23 anos.
Sua frase diz “Sou preto, mas não sou ladrão”.
De início fiquei incomodada com o “mas” da frase. Porque estaria ali?
Ao falar, não nos damos conta de que essa palavra, o “mas” nessa frase, significa uma exceção, uma justificativa... Um preconceito. Obviamente não foi a intenção, mas você consegue perceber?
Para ficar mais compreensivo, você já ouviu um “Sou branco, mas não sou ladrão”, possivelmente não, né? E por que não?
Esse discurso é uma construção social. A sua frase é, claramente, uma defesa, o resultado de várias experiências que você teve e que por isso, está constantemente, se reafirmando como cidadão de bem. Dessa forma, entendo sua frase.
Mas, vamos fazer o seguinte. Seja crítico com aquilo que você escuta/fala e lembre-se sempre que “Você não é aquilo que as pessoas dizem que você é” e que apesar da sociedade racista que estamos inseridos, você não precisa se reafirmar o tempo todo, mas sim lutar pelos seus direitos como cidadão parte de uma sociedade democrática.
Espalhar suas conquistas e incentivar outros e outras jovens a fazerem o mesmo contribuirá para o desenvolvimento de indivíduos engajados na mudança social, em direção a uma sociedade mais justa.
Deixo como reflexão uma frase muito sábia, do grande Nelson Mandela.

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”


Com Carinho.

O contrário de feminismo é ignorância..





Frase escolhida: “O contrário de feminismo é ignorância...”

Querida (o) estudante! Como vai?
Ao ter contato com todas as frases, a sua, me chamou a atenção para escrever sobre o assunto. Sou mulher e ultimamente tenho me dedicado a estudar e entender um pouco melhor sobre o movimento feminista e a luta das mulheres pela igualdade, e eu concordo com você: o contrário de feminismo é ignorância, mesmo!
Primeiro, é importante entender que mesmo reconhecendo a luta feminista, há muitas formas de “ser mulher” e mesmo buscando a igualdade, não somos todas iguais. Cada uma tem sua história, sua trajetória de vida, suas preferências, seu lugar de nascimento, e tudo isso nos torna seres humanos, e a chave para esse enigma não é reconhecermos todas e todos como iguais, mas respeitarmos as diferenças e aceitarmos a alteridade, reconhecendo a (o) outra (o) naquilo que a (o) torna única (o)! Mas, isso é um exercício diário, e muito difícil – mas não impossível!
Então, existem vários tipos de movimentos feministas porque as mulheres, mesmo todas lutando por direitos iguais, ainda têm algumas questões que as separam de outras, como por exemplo, o das as mulheres negras, das mulheres trans (“transfeminismo”), algumas que são mais liberais, outras mais radicais.
Por conta das variações e a multiplicidade dentro do feminismo, a gente usa o conceito de sororidade, (essa palavra ainda é nova e nem existe no dicionário) mas ela quer dizer respeito mútuo entre as mulheres, respeitando todas essas diferentes formas de ser mulher! Demais, né?
São muitas questões, mas é muito importante discutir tudo isso, se não caímos no poço da ignorância! Ignorância de não se abrir a discussão, de perpetuar o preconceito e a discriminação não permitindo o exercício dos direitos humanos. Enquanto isso precisamos estudar e nos empoderar para mostrar as pessoas que as diferenças foram construídas histórica e socialmente.

Me chamaram de viado, eu disse “não sou viado, sou LGBT”.





Frase: Me chamaram de viado, eu disse “não sou viado, sou LGBT”.

            Quatro letras. Quatro letras que fazem toda diferença. Uma sigla que resume todo um período de décadas de lutas em defesa da identidade, do respeito e dos direitos civis.
            Primeiramente, gostaria de dizer que é lamentável que episódios como esse, muitas vezes sutilmente disfarçados como “brincadeiras”, aconteçam no ambiente escolar. Lugar que vai além de um espaço de assistir aulas, mas também de formação da cidadania, criação de círculos de amizades e de laços de confiança. Mas ao mesmo tempo em que tais episódios nos remetam a tristeza e constrangimento, é de extrema importância atitudes como a sua, de resistência, de contestar, de reafirmar a identidade e a defesa do respeito para todos. De mostrar para o opressor, que além de se educar para uma melhor convivência social, ele deve ser constrangido, corrigido, apontado e até exposto. Em uma sociedade marcadamente patriarcal e heterossexual, fazer atitudes agressivas como essas são colocadas como naturalizadas no cotidiano, e é justamente nesse ponto que não podemos nos abater na luta.
            Para encerrar, gostaria de destacar aqui elementos que podem contribuir para discussões como essas. É de muito valor que tal debate seja levado a diferentes espaços, principalmente aqueles em que o movimento estudantil constrói suas bandeiras (centros acadêmicos, diretórios acadêmicos, União Nacional dos Estudantes) e de que é possível também incluir esse debate nos fóruns dos profissionais da educação (sindicatos, associações docentes, grupos de pesquisa). Não nos esquecendo também que essa luta deve fazer da parte do ambiente escolar enquanto instituição, fazendo parte de seus planos de ensino, projetos institucionais, setores sócio pedagógicos.
            Que possamos juntos construir um ambiente plural, democrático e solidário para tod@s.

Sou preto, não sou ladrão!






Frase: Sou preto, não sou ladrão!

Olá! Como vai?

            Quando eu li a sua frase, já me veio a cabeça: Qual situação que você vivênciou que fez com que você escrevesse esta frase? Pensando nisso resolvi escolhê-la para tentar mostrar nesta carta o porquê que até hoje escutamos esse tipo de comentário….
            Começando por um questão que sempre me apareceu durante as minhas leituras: E de onde surge essa palavra preto? Bom, vasculhando… temos alguns relatos em cartas escritas pelos portugueses no século XV, durante suas navegações e explorações pelo continente em que vivemos, a América! Nessas cartas, eles descreviam as pessoas de pele mais escura como pessoas pretas… porém, foi com os espanhóis que a palavra “negro” aparece com o sentido de “escravo” e a partir daí os portugueses também começaram a adotar a palavra “preto” e “negro” para todos os africanos que eles raptaram e escravizaram, ou seja, pense comigo: Você tem uma palavra que é usada para identificar uma cor a algo ou de alguma pessoa, mas aí vem outra pessoa e usa essa mesma palavra para identificar um grupo de pessoas que foram colocadas como inferior ao seu grupo… Olha que coisa louca! Que uma palavra pode ser usada para um sentido de inferiorizar alguém ou algum grupo.
            Bom, mas aí passados o período da escravidão e aqui no Brasil nós ainda fomos os últimos a libertar os escravos, então imagina você que foram 400 anos de escravidão no nosso país, que o período de libertação é recente, fomos libertos apenas em 1.888… então, não é difícil de acreditar que ainda hoje você tem que escutar a frase: Você é preto, então você é ladrão!
            Mas, com tudo isso foram surgindo pessoas que começaram a pensar sobre essa situação do negro no nosso país, elas se organizaram e fundaram movimentos, então hoje nós temos o Movimento Negro, por exemplo, que foi importantíssimo para garantir os direitos e as leis para a população negra, dentre elas a lei do racismo, a 7.716/89, que poderíamos colocar a frase: Você é preto! Você é ladrão, como exemplo, a pessoa que fala isso ela pode ser denunciada e punida pois está cometendo um crime que resulta da cor ou da raça de alguém.
            O Movimento Negro também garantiu a reserva de vagas nas universidades para pessoas que se autodeclaram negras (pretas ou pardas), para terem acesso a uma educação pública e de qualidade! Então, veja você a importância desse grupo e de outros que lutam para garantir os direitos de um determinado grupo da nossa sociedade que é excluído há muito tempo.
            Gostaria de poder escrever mais sobre esse assunto e discutí-lo com você! Espero que tenha feito sentido essa minha explicação e espero que você tenha oportunidades na vida que foram garantidas pela luta desses movimentos sociais!

                                                                                   Até Breve!!!

O game que jogo não define minha sexualidade... me respeite







O game que jogo não define minha sexualidade. Me respeite!!!” #LoL_não_é_game_de_viado!Saudações camarada gamer! Aqui vos fala alguém que viu os jogos saírem do
modo single player offline e adentrarem na era do multiplayer online, onde o preconceito
ocorre de diversas formas e é potencializado pela internet e suas mídias sociais, campos
férteis para
trolls, que geralmente se escondem no anonimato, através do qual a rede
possibilita destilar ódio e semear a discórdia. Você já deve ter vivenciado ou
testemunhado em primeira mão os requintes cruéis da comunidade gamer e sua
natureza basicamente tóxica. Tal característica fica muito mais evidenciada quando
trocamos o foco para a cultura gamer especificamente brasileira (huehueBR). No LoL
em específico essa associação começou por causa de um comentário infeliz do
youtuber Cauê Moura em um de seus vídeos, ele disse algo pejorativo em relação aos
jogadores de LoL por ter campeonato de LoL no campus party e não ter de Battlefield3.
Devo discordar de sua hashtag pois LOL é um jogo onde heterossexuais e
homossexuais - inclusive segundo a Riot Games o atirador Valrus é o primeiro
Champion gay do universo de LoL - podem competir em pé de igualdade e longe dessas
discriminações. Posso ao mesmo tempo concordar com você quanto à sua afirmação
de que um jogo não define a sexualidade de ninguém, só a própria pessoa é capaz
dessa tarefa. Um exemplo completamente oposto à lógica machista relacionada a
alguns jogos é meu camarada Felipe, 22 anos, antigo jogador de nosso clã de CS e
homossexual assumido. Tais informações só se tornam pertinentes ao nosso assunto
quando lhe informo que o mesmo foi o primeiro colocado em uma competição de Fifa
por dois anos seguidos em campeonatos feitos em minha cidade com centenas de
milhares de habitantes. Vale lembrar que para a comunidade gamer Counter Strike e
jogos de futebol são o ápice da “macheza”.
Hugh Forrest, diretor do SXSW Interactive escreveu no seu twitter: “Se pessoas
não podem concordar, discordar e abraçar novas formas de pensar em um local seguro
online e offline, esse mercado de ideias está inevitavelmente comprometido”. Devo
reforçar essa linha de pensamento através de uma das ideias de certo intelectual
brasileiro que dizia que basicamente todas as práticas são ideológicas, a questão era
se essa prática seria includente ou excludente. Nós gamers já temos que encarar um
grande volume de preconceitos da sociedade sobre a nossa prática que historicamente
e culturalmente nos tarja de geeks e desocupados sendo que novas competições como
o CBLoL e suas premiações para jogadores profissionais provam exatamente o
contrário. Por essas e outras não podemos alimentar novos preconceitos dentro de
nossas próprias comunidades, e mais ainda, devemos ativamente combater essa
nefasta prática

"Bro, não foram os negros que criaram a divisão de raças, bro"



Capítulo do livro: Os negros, a educação e as políticas afirmativas (Ana Lúcia Valente)

Ao fazer parte de um cursinho popular, o primeiro contato com os alunos é feito através de um círculo – um espaço voltado a discussões de temas relevantes – sobre educação e meritocracia com cem alunos divididos em pequenos grupos. Em meu grupo, a discussão parte para as ações afirmativas para os negros no acesso à universidade. Mesmo após tentarmos contornar a situação, começou a gerar briga que até os demais grupos passaram a participar, ou seja, cem alunos com pouco mais de dez professores.
A discussão continua até conseguir chegar ao centro do círculo e pedir pra que todos olhem ao redor, que contem quantos alunos, amigos ali são negros, quantos professores são negros, até mesmo que lembrem quantos alunos e professores em suas escolas são negros. Até que alguém fala que na sua sala não tem negros, outro percebe que apenas um professor é negro.
A partir daí a conversa começa a ser guiada com pontos históricos como, quando acabou a escravidão o que aconteceu com a população negra, onde eles foram parar, onde estão os negros se não estão na escola. Colocando também alguns dados, pois sabe-se que a população negra é a que mais morre no Brasil. Mas, afinal, o que isso tem haver com as cotas? Tudo! É essa população que tem um acesso extremamente restrito à educação, muitos não estudam porque sofrem com o racismo ou porque tem que ir trabalhar para ajudar na renda familiar, os que chegam até aqui são pouquíssimos. Não há democracia racial, que se houvesse, seria igualitário o acesso à escola, a empregos.
Assim, o objetivo não é e não foi de tentar convencê-los se as cotas são boas ou justas, mas fazê-los pensar em como se dá o acesso a escola, de quem é o direito de estar ali e como é feita a permanência escolar.

me chamaram de VIADO, eu disse "não sou viado, sou LGBT"



Carta devolutiva sobre a frase: "Me chamaram de viado, eu disse "não sou viado, sou LGBT".

Olá!
            Sua mensagem me chamou a atenção e gostaria de comentá-la, trazendo informações que podem ajudá-lo (a) a esclarecer as pessoas a seu entorno e a compreender este movimento, cuja luta não é só sua, mas fortalece-se no plano coletivo.
            O movimento gay começou a organizar-se no final da década de 1970, quando outros grupos sociais também articulavam-se, em defesa da visibilidade e pela luta por direitos civis. Desde esta época (até hoje), a luta era/ é árdua e passa pela desconstrução dos parâmetros da homossexualidade, que é uma construção social e como tal, pode ser ressignificada histórica e culturalmente.
            Estudiosos no campo da homossexualidade, ressaltam que  o objeto da luta não é a repressão, mas a cultura brasileira. Este preconceito surge por um processo histórico e social, de uma mentalidade pautada em tabus que é transmitida geracionalmente. Contudo, muitas concepções se modificam e, desta forma, o processo educacional é uma via potente de ação, que objetiva a formação de novas gerações de sujeitos responsáveis por mudanças de visões, posturas, hábitos e transformação de pessoas a partir de um conhecimento de si e do mundo.
            Estes desafios ainda estão presentes. A mudança da mentalidade social é morosa, contudo, cada palavra e ação em prol deste movimento, atinge pessoas, e aos poucos, a cultura se modifica, por meio do esclarecimento e da educação. Coletivamente, ampliamos a força de ação. Compartilho a experiência de coletivos sobre o movimento feminista e LGBT na UNESP/Araraquara, como um exemplo positivo de articulação. Há reuniões periódicas para discussão destes temas e até a "semana da sexualidade".
            Este movimento vem constituindo-se como um espaço importante na luta por direitos, por visibilidade, por emancipação e por justiça, em prol da mudança cultural. Você representa outros milhões de pessoas que merecem e tem o direito de serem ouvidas e respeitadas.
                Segundo Ferrari (2007, p. 351), "como lembra Boaventura Santos, quem questiona sobre sua identidade está questionando o seu lugar no mundo e o lugar dos outros". Questionar é importante, em qualquer âmbito. Isto nos mantém vivos enquanto cultura, história e enquanto sociedade.
            Abraços e força nesta luta, que é de todos e de todas nós!
Referência: FERRARI, Anderson. Sexualidade: Revisando o passado e construindo o presente: o movimento gay como espaço educativo. In. BRASIL. Educação como exercício de diversidade. Brasília: UNESCO/MEC/ANPEd, 2007 p. 349. Disponível em: <file:///C:/Users/Maria%20Carolina/Downloads/Educa%C3%A7%C3%A3o%20como%20exerc%C3%ADcio%20de%20diversidade.pdf>. Acesso em: 26/08/2018.

Me chamaram de VIADO, eu disse: não sou viado, sou LGBT







´´Me chamaram de VIADO, eu disse: não sou viado, sou LGBT.``

           
Antes de tudo, penso que devemos sempre lutar contra aquilo que não nos agrada, ou ofende de alguma forma, dessa maneira mostramos nossa força, e o poder do nosso conhecimento, contribuindo e dando ainda mais visibilidade ao movimento no qual, mesmo que de maneira informal, pertencemos.
Não podemos nos esquecer de nossa essência, mas é importante saber que não se deve ficar preso em classificações, pois estamos em constante mudança, seja mentalmente, fisicamente, ou sexualmente.
            Com o fim da ditatura militar, em 1985, uma esperança acendeu naqueles que sonhavam com uma sociedade democrática e que valorizasse a diversidade, mas a luta estava somente começando, e se estende até os dias de hoje, ano de 2018. O movimento LGBTQ+ engloba lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e queers (pessoas que não seguem o padrão da heterossexualidade ou gênero) e eles não lutam somente contra preconceitos cotidianos, mas por direitos e politicas públicas que garantam sua segurança, qualidade de vida, bem estar social e principalmente, igualdade. Os brasileiros admiram e se escoram na fama que seu país construiu, de um lugar alegre e colorido, mas o que está por trás é humilhante, pois esta nação também carrega o fardo de ser a que mais mata pessoas LGBTQ+.
O medo não pode nos calar, proporcionando acesso à cultura, contribuímos com a quebra de paradigmas e preconceitos. A educação tem papel fundamental neste processo, por meio de discussões, debates, palestras, e um real contato com pessoas que estão no meio e lutam pela causa, aquilo que tantos indivíduos julgam como “errado”, se tornará normal, como tem que ser.
           
Atenciosamente,

meu avô passa a mão pelo meu corpo, um dia perdeu a graça e eu disse não





Quando você diz que seu avô passava a mão pelo seu corpo, isso me diz duas
coisa, no mínimo. Uma que você se deu conta disso, passou a ter consciência,
em determinado momento, de que aquilo que ele fazia era “passar a mão”. Outra
coisa é sobre seu avô ter uma atitude que, culturalmente, é aceitável e esperada
que um homem tenha, apesar de imoral, esta condição de “aceitável” e
“esperada” até certo ponto é uma característica de uma sociedade como a
nossa: ocidental, brasileira, século XXI.
Tal atitude revela muito mais aspectos sobre as outras pessoas do que sobre o
seu avô. Não significa que deva ser uma atitude esperada e muito menos
aceitável de fato, tanto que é passível de punição na forma da lei. No entanto, é
assim que nossa sociedade entende o papel de “homem com H maiúsculo”, ou
seja, um homem adulto.
O homem numa sociedade machista deve corresponder à necessidade e ao
desejo sexual, seja com qual (tipo de) mulher for. Inclusive o preconceito com
homossexuais ocorre contra os homossexuais e não contra homens que se
satisfazem sexualmente mesmo que com homossexuais, pois estes últimos
trazem a figura feminina: subjugada, subordinada, submissa.
É “inaceitável”, culturalmente, que um homem não tenha desejo sexual, mas esta
condição é aceitável da parte de uma mulher. Isso não significa que deva ser
assim. Nossa voz, nossa denúncia deve ser o primeiro passo para evitar o abuso,
sejam esses homens avôs, pais, tios, irmãos, vizinhos, conhecidos, ou qualquer
outro. Mas não é suficiente que pare por aí.
A educação para a igualdade deve ser o foco maior, pois é urgente a mudança
de mentalidade em nossos dias. Seu avô não é apenas culpado, mas também
vítima. Ele é um dos frutos da mentalidade difundida em nosso dia-a-dia pelas
mais banais e corriqueiras atitudes. Piadas e insultos leves aos meninos que
sentem vergonha ou não querem se aproximar de uma menina. Situações em
que a mulher é chamada de histérica ou louca abrem precedentes para que a
denúncia de uma mulher seja questionável. A brincadeira com questões sérias
como as “obrigações” dos homens e das mulheres são um indicador do quanto
ainda temos que caminhar no sentido de mudar mentalidade de forma coletiva
no que se refere à sociedade que traz forte os traços do patriarcado, ainda
indissolúvel até os dias atuais.




ESPAÇOS PARA A NÃO HETEROSSEXUALIDADE
O movimento gay começou a se organizar no final da década de 70, inicio dos anos 80, juntamente com a epidemia da AIDS. É importante ressaltar que a homossexualidade não é algo novo e nem pós-moderno, mas a forma como trabalhamos em relação a se tornar uma identidade, sim. Isso significa que a medida que trabalhamos a nossa sexualidade como identidade, colocamos em discussão a pauta que rege esse tema e que mobiliza a sociedade. Entender qual a relação privada-pública da sexualidade permite guiar a ideia de corpo, desejo, erotismo, sexo e amor, que hoje são temas que personalizam a identidade de cada um.
Nos últimos anos, o movimento LGBT busca por construir novas formas de representações sociais que reflitam numa auto-estima positiva. Nesse sentido a revelação da intimidade e da identidade não levaria a diminuição da sociabilidade. Ainda que muitos compreendam que somente mantendo sua intimidade em segredo poderão manter a sociabilidade ou a “aceitação social” ideal.
É importante entender que a medida que os não heterossexuais possuem um espaço para desenvolver suas vontades e liberdade, lutando contra repressão, o próprio movimento se constitui como espaço de emancipação para todos. E a luta acaba se constituindo em que esta libertação estará em todos os espaços.
Por fim é entender que possuímos uma herança cultural que colocou a pauta gay no âmbito do proibido, logo produzir conhecimento ao seu redor, lutar por sua visibilidade, possui um aspecto de transgressão. É importante entender que por mais que vivenciamos espaços de aceitação, eles ainda são somente uma pequena porcentagem de áreas sobre a crosta terrestre.



Produzido com base no texto de Anderson Ferrari, Revisando o passado e construindo o presente: o movimento gay como espaço educativo. In BRASIL. Educação como exercício de diversidade. Brasília: UNESCO/MEC/ANPEd, 2007




Querida anônima,
Escolhi escrever para você, cujo namorado não está respeitando o tempo da sua sexualidade, querendo transar apesar da sua vontade. Quantos argumentos ele já não deve ter elaborado para te convencer, de quantas investidas você já não se esquivou, percebendo ou mesmo sem perceber?
Agora, me diz; eu quero saber: o seu #nãoénão tá bem internalizado, tá convicta, tá segura do que é o melhor pra você, tá ciente de que, talvez, ele tente outra manobra? Persuasão tá na moda.  
Se ele te diz: que tipo de namorada é você?
Se ele te diz: opções não me faltam, pode crê!
Se ele te diz: pra uma feminista, você está démodé!
Como é que fica você: se empodera ou se sabota? Digo isso porque, lamento informar, o movimento é bom, mas, infelizmente, não basta um #nãoénão. Mulher todo dia tem que se defender, até de si mesma, dazamiga, da família, da mídia e da religião. Teu #nãoénão tem que ter fundamentação.
Alimente tuas convicções com leituras, certifique-se de entre as mulheres com quem convive exista sororidade, analise os discursos de quem te aconselha, ouça tudo sempre com a pulga atrás da orelha.
Agora, já vou me despedindo e me desculpando pelo aparente tom de pessimismo, mas, creia-me, não é questão de ceticismo quanto ao movimento, é que como somos seres em desenvolvimento, o estado das coisas tende a mudar com pressa; o que ajuda as mulheres hoje a não serem presas do machismo, pode não dar conta das futuras remessas.
Transformações dessa monta levam anos para ocorrer, porque são estruturais e estruturantes; a história passa por momentos edificantes e degradantes: luz e trevas, luz e trevas. Não se atreva a esquecer disso.
Sheherazade não teve nunca esse atrevimento... Foram mil e uma noites de luta e resistência. E agora, finalmente, já tenho um nome para te dar, querida anônima: Sheherazade.
Um abraço,

TIO O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO??






Prezada autora da frase,
Infelizmente, o abuso infantil ainda é uma realidade em nosso país e em muitos lugares do mundo. Embora, tenhamos leis que protegem a criança e o adolescente e punem os agressores, muitas situações envolvendo maus-tratos, abuso e negligência com crianças são recorrentes.
Essa questão do abuso infantil tem origem em um passado significativamente distante, quando a criança ainda não era reconhecida dentro da sua infância e com o toda a especificidade que essa faixa etária requer. No período medieval as crianças não eram distinguidas dos adultos, portanto, elas eram muito vulneráveis. Mas, esse não é o único momento da história que podemos destacar os abusos e maus-tratos sofridos pelas crianças. Durante a Revolução Industrial era muito comum encontrar crianças – mesmo as muito pequenas – trabalhando nas fábricas inglesas.
A medida que a sociedade foi crescendo e se desenvolvendo foram criadas leis e estatutos que protegem as crianças e os adolescentes contra qualquer tipo de situação que traga prejuízo ao seu desenvolvimento. Muitas medidas podem ser tomadas para prevenção de abusos aos menores, por exemplo, é muito importante que pais, educadores e outras pessoas próximas as crianças saibam que o maior número de casos de abuso acontece nas relações intrafamiliares e não com estranhos. A criança e o adolescente devem saber que podem relatar qualquer tipo de situação a alguém de sua escola ou pode denunciar o agressor direto ao Conselho Tutelar de sua cidade ou a polícia. Gostaria de indicar o Laboratório de Análise e Prevenção da Violência (LAPREV/UFSCar), que é grupo que pode ajudar as pessoas a entenderem mais sobre esse assunto e auxiliar as vítimas e seus familiares.

: “Não é porque sou homossexual, que minha capacidade é menor que a sua”.



Olá, tudo bem?
Vi sua frase e me senti incomodado, acredito que não tanto quanto você que sofre com este preconceito, mas me incomoda muito por ver pessoas que não conseguem respeitar as outras.
Vou te contar uma verdade, já pratiquei esse tipo de bullying, não sou nem um pouco feliz com isso. Não percebia quanto isso era errado e magoava as pessoas. Não quero de jeito nenhum proteger os agressores, quero te contar como eu venho mudando e te propor uma ideia, pode ser?
Por questões da vida, comecei a fazer um curso em uma sala com pessoas muito esclarecidas e extremamente brilhantes. Tinham pessoas homossexuais, bissexuais, heterossexuais, mas todos tinham uma coisa em comum, o respeito e sede por buscar esclarecimento. Com isso, todos juntos dialogávamos, tirávamos duvidas e nos instruíamos, fazendo com que pudéssemos vencer nossas inseguranças e medos, além de criar respeito pelo outro.
Mas o importante é você! Com estes estudos e conversas, percebi que a temática sexualidade sempre foi muito mal difundida, sempre escondida e mal divulgada, por isso vemos pessoas ainda hoje inseguras com esse assunto. Quando damos sorte das pessoas terem uma educação boa, elas vão atrás do conhecimento, porém quando as pessoas, além de mal instruídas, não tem educação, elas costumam agredir quando se deparam com algo diferente. Não podemos, de modo algum, permitir que preconceitos e agressões sejam feitas, temos que reclamar e tomar as devidas providências, e também podemos pensar em uma estratégia. E ai vai minha dica:
Podíamos pensar em estratégias, no qual, colocaríamos em debate a temática sexualidade, especificamente ao que tange os direitos, problemas, lutas e conquistas da comunidade gay, de modo que todos da turma participassem de modo efetivo, sempre nos embasando em textos, vídeos e qualquer tipo de manifestações que ajudasse-nos a entender este assunto. Quem sabe se eles(as) enxergassem com a devida naturalidade, e em contrapartida desnaturalizar o preconceito, este problema amenizaria. Pode ser que a inseguranças e ignorância deles(as) gerem o preconceito. Vamos tentar?!                                                                 Abraços! 

Sou preto, mas não sou ladrão




Olá, venho por meio desta lhe dizer, que não são todas as pessoas que reforçam essa separação, mas que, infelizmente foi criada e reforçada culturalmente.  As dificuldades vividas pelos negros, e como eles eram maltratados durante a escravidão à mais ou menos 128 anos, ainda hoje, delimitam dificuldades de inserção na sociedade.
Gostaria de reforçar minha fala apontando a biologia, ciência no qual afirma que não existem raças humanas. Esse conceito de superioridade racial, chamado de darwinismo social, em que uma raça apresentava vantagens em relação a outra, era muito aceito no século XIX, e servia como justificativa para as potências capitalistas praticarem o neocolonialismo. Porém, essa teoria não pode ser mais aceita atualmente, o que diferencia uma pessoa da outra é o seu caráter e as suas atitudes, somos todos iguais, a única raça que existe, é a raça do ser humano.
Acredito que esse desabafo é algo presente em sua vida, penso que já deve ter ouvido muitas pessoas falando o quanto atitudes de pessoas preconceituosas não devem ser aceitas, venho reafirmar a fala delas dizendo para você não se calar. Não há nada que justifique uma atitude preconceituosa como algo aceitável, ao silenciar-se você dá poder a essas pessoas para continuar ferindo outros com seu preconceito seja racial, por sua sexualidade ou religião. Se ocorre na escola, informe seus professores para que essa pessoa saiba que ela está errada, e caso persista, procure o diretor ou um orientador que possa contatar a família desse aluno em questão.
Atos de discriminação por raça e cor são considerados crimes no Brasil desde 1989, quando entrou em vigor a Lei 7.716, a chamada Lei Caó --homenagem a seu autor, o então deputado e ativista do movimento negro Carlos Alberto de Oliveira.  Pela lei, está sujeito a pena de dois a cinco anos de prisão aquele que descrimina alguém por motivo de raça, cor ou religião. Existem muitas formas denunciar. É possível prestar queixa nas delegacias comuns e especializadas em crimes raciais, presentes em algumas capitais, aqui em São Paulo, por exemplo, há a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância no número (11)3311-3555. Algumas unidades da federação também contam com disque-denúncias específicos para o crime de racismo, como o disque 124, no Distrito Federal.
Encerro esta carta afirmando que racismo não é algo normal, se imponha contra situações deste tipo. #SOMOSTODOSIGUAIS#NAOÉNÃO# .

Bro, não foram os negros que criaram a divisão de raças, bro






Bro, não foram os negros que criaram a divisão de raças, bro”

Há atualmente uma abertura de diálogos e espaços de fala direcionados, ou mesmo tomados, para e pelas chamadas minorias (que são minorias em direitos consolidados, não em números, pois essas minorias são uma imensa parcela da população brasileira). É o caso dos negros e de outros grupos étnicos/raciais, como os descendentes dos povos originários que, historicamente, sofreram e vem sofrendo as mais diversas violências, físicas ou não, de forma direta ou indireta, presente de maneira quase palpável ou nas pequenas sutilezas, nos mais variados ambientes e espaços, inclusive aqueles que se propõem livres e/ou democráticos. A escola, nesse sentido, é um desses ambientes. Mesmo com todas as conquistas e os avanços alcançados relacionados à ciência, à tecnologia, às humanidades e demais áreas, ainda há muito pelo o que lutar e desmistificar. As lutas devem alcançar a esfera pública e política, incluindo a escola e a educação como um todo, por espaços, visibilidade, mudança de tratamento, respeito e oportunidades, reais e de cunho estrutural, para além de medidas paliativas e superficiais, mesmo considerando de vital importância àquelas tomadas como especiais e/ou provisórias/temporárias, desde que promovam ou busquem promover mudanças verdadeiras. Nesse sentido, a título de exemplo, as atuais ações/políticas afirmativas, das quais fazem parte as cotas raciais, são de extrema importância, pois evidenciam problemas e injustiças históricas, visto que nosso país possui uma dívida histórica e impagável para com os negros. Não foram estes os precursores ou causadores das mazelas sociais, mas sim os mais atingidos pelo abandono e exclusão de um Estado omisso e opressor, que relegou seus próprios filhos à exploração de uma elite racista e preconceituosa, cujos frutos ainda são visíveis hoje. Talvez justamente por isso que a visibilidade, a mobilização e o empoderamento negro, cada vez mais pungente, cause tanto incômodo para muitos, pois revela ou escancara a sua própria pequenez, as suas limitações e os seus preconceitos. Assim, a entrada e a permanência em número cada vez maior de negros e negras em todas as áreas, espaços e níveis sociais e de educação, sobretudo naqueles mais elitizados, representa um avanço sem precedentes, um movimento de luta e de resistência, resultado de conquistas que devem ser mantidas, incentivadas, reproduzidas e aprofundadas.

Cê tá Potranca, hein!?




Olá,
Vivemos numa era de violências relacionadas a questões de gênero, raça, religião, sexualidade, entre outras. São motivadas todos os dias pela mídia e não nos damos conta de que somos responsáveis pela sua reprodução. A liberdade de expressão traz em letras de músicas como o funk e o sertanejo moderno a reprodução da cultura machista e a desvalorização da mulher. Músicas como “Aquecimento das Potrancas” e “Ai, se eu te pego” aparecem em bailes, festas e eventos populares, e infelizmente nenhuma crítica a esse tipo de violência à imagem da mulher é apresentada pela mídia ou mesmo discutida nas escolas com nossos jovens.  
A frase “Cê tá Potranca, hein!?” é uma expressão bastante conhecida e disseminada na cultura gaúcha, principalmente no meio rural, e refere-se à mulher como “gostosa”, objetificada, ou seja, apta a ser tomada por um homem para satisfação de suas fantasias sexuais de forma brutal, à semelhança da cópula dos animais.
Temos que nos atentar às suas reproduções e lutar contra a cultura machista. O maior número de feminicídios acontece na área rural, onde o machismo é perpetuado há séculos. São crimes brutais que expõem a mulher como mais uma propriedade do homem, em vez de uma pessoa com direitos e merecedora de respeito. A luta pelos direitos da mulher, tal como as lutas dos discriminados em função de etnia, orientação sexual ou outro motivo qualquer, deve começar desde a menor manifestação, ou seja, deixando de encarar, de uma vez por todas, algumas expressões apenas como costumes populares inofensivos, brincadeiras inocentes.
A fase do incontestável terminou, as mulheres estão botando a boca no mundo e lutando pelo seu direito de igualdade. No entanto, o desafio é muito grande. É necessário combater a cultura de submissão feminina tanto com punições legais mais enérgicas como com a conscientização da sociedade na própria mídia de massas, na escola, nos ambientes de trabalho e nas ruas. Só assim teremos uma era de justiça, paz e melhoria nas relações e realizações humanas.
#nãoénão.

Bro, não foram os negros que inventaram a divisão de raças, bro




Olá, querid@ estudante.

Inicialmente, posso te dizer que sinto muito por qualquer preconceito pelo qual você tenha sofrido. A sua frase me deu a impressão de que essas situações devem ter ocorrido algumas (ou muitas) vezes, e entendo o quão dolorido possa ter sido. Sinto muito. Eu nunca saberei o que você sentiu, mas posso te garantir que estou, e sempre estarei, presente na luta pelos direitos reais de igualdade entre os povos, pelo seu direito de ir e vir sem ser julgado pela cor da sua pele.
Além disso, gostaria de te dizer que também entendo quando você diz que não foram os negros que inventaram a divisão de raças, e concordo contigo plenamente. Nós vemos que, na construção desse nosso país, os povos que vieram escravizados, e aqui permaneceram, não tiveram auxílio real na construção de sua educação. Inclusive, existe uma diferença histórica nítida que mostra que, enquanto mulheres brancas lutavam pelo direito de voto, mulheres negras lutavam pelo direito de serem reconhecidas como gente.
O nosso Governo assistiu, desde o fim dos tempos coloniais, passivamente à exclusão de crianças negras do sistema educacional. A criação de leis, como a Lei do Ventre Livre, que deveriam fornecer um alicerce para o amparo dos negros no Brasil só serviram para camuflar o problema, o que gera consequências atuais das forma com que o negro é visto no país.
Por fim, meu objetivo aqui não é justificar como ou quando essa divisão começou, mas tentar ajudar a esclarecer que esse processo alimenta o racismo de hoje em dia. Por isso, peço que você permaneça lutando, resistindo e que, também, entre em contato com a política, porque é o único meio real de gerar mudanças em grande escala.



Wakanda forever!
#PorqueRepresentatividadeImporta

só porque eu sou pobre, não posso sonhar em ser bem sucedido







“#só porque eu sou pobre, não posso sonhar em ser bem sucedido#”.
Prezado aluno do IFSP,

            Não é de hoje que se configura a abrasadora luta de classes. Desde a Revolução Francesa, vimos crescer essa peleja por melhores condições de vida. Talvez isso que esteja incomodando a você, certamente tem instigado muitos estudiosos e pensadores que, ao longo dos séculos, vêm buscando respostas, e quiçá soluções, para este questionamento em particular.
            Segundo François Dubet, “Poderíamos alongar indefinidamente a lista das “novas” desigualdades, conscientes de que sempre correríamos o risco de contrariar esse ou aquele grupo por não reconhecê-lo como vítima de desigualdades. Mas a análise dessas múltiplas desigualdades transformou sensivelmente o olhar dos sociólogos, porque a maioria delas não se reduz nem ao berço nem à posição de classe, mas resulta da conjugação de um conjunto complexo de fatores, aparecendo mesmo, muitas vezes, como o produto, mais ou menos perverso, de práticas ou políticas sociais que têm como objetivo justamente limitá-las”.
            Por essa via, podemos perceber que pelo sistema atual em que vivemos, somos levados a acreditar que, se somos fracassados é porque não nos esforçamos o suficientemente para alcançar os méritos necessários para sermos “bem sucedidos”. Assim, na visão de Dubet “Como, desde o nascimento, os indivíduos não eram considerados iguais perante a
educação, os insucessos escolares podiam ser facilmente explicados por
causas sociais, pela injustiça do sistema e, às vezes, pelas injustiças ‘naturais’,
sendo as crianças do povo consideradas menos “dotadas” e menos ‘ambi-
ciosas’ que as da burguesia. A ‘vantagem’ de tal sistema era a de não ques-
tionar a autoestima dos alunos sem acesso às carreiras mais valorizadas
que, aliás, não eram feitas para eles”.
            Embora ele esteja citando uma situação esporádica na França, isso não nos impede de relacionarmos com o sistema social e educacional brasileiro.
            Entretanto, ainda temos visto organizações que prezam pelo ensino público e de boa qualidade. Muitos profissionais que se engajam em causas sociais as quais buscam, dentro das possibilidades, melhores condições de vida e de educação para todos. Um bom exemplo são as Comunidades de aprendizagem as quais oferecem uma proposta de transformação social e cultural que envolve alunos, professores, pais e demais cidadãos locais na construção de um projeto educativo e cultural próprio, pautada na troca de conhecimentos.
            Todos têm muito para aprender, mas, sem dúvida, muito mais para ensinar. Se você, caro aluno, já tem essa visão crítica de mundo, sem dúvida, já deu o primeiro passo para ser sim “bem sucedido”.
            Boa sorte! 

Respeite as minorias. O individuo é a menor minoria possível




Respeite as minorias. O individuo é a menor minoria possível”

Não é fácil pertencer à um grupo que seja minoria na sociedade. Seja qual for o grupo: gays, negros, índios  ou quaisquer outros. Vivemos em uma sociedade em que a grande maioria é que determina o padrão de comportamentos e marginaliza todos aqueles em que não se encaixam neste determinado  padrão. Os preconceitos quase sempre estão completamente acompanhados da hipocrisia. Os valores daqueles que são marginalizados não são respeitados enquanto cidadãos detentores de seus direitos e deveres como qualquer outro membro da sociedade. Embora tenha havido mudanças significativas devido à alguns movimentos como por exemplo o movimento gay não é fácil lutar contra toda uma cultura enraizada desde sempre. É preciso que surjam movimentos que representem cada grupo de minoria mas, tão importante quanto, são os apoios que devem ser oferecidos à estes grupos por aqueles  que tem uma visão mais clara a respeito das necessidades do  ser humano enquanto pessoa independente de que este esteja ou não inserido nos padrões pré-estabelecidos culturalmente ou diferentes grupos, que sejam minorias ou não. A Educação formal  desempenha um papel fundamental pois tem a capacidade de colocar os educandos em contato com novos conhecimentos e experiências que podem ampliar a sua visão de mundo e à sua visão em relação ao outro seus direitos e deveres no mundo.
Somente os movimentos devidamente organizados e com o apoio necessário serão capazes de interferir na elaboração de políticas públicas que, com uma legislação adequada tornem-se capazes de atender à todas as necessidades do cidadão de modo que todos sejam que contemplados igualmente no respeito à sua individualidade. Quando me refiro à movimentos é preciso que fique claro que os movimentos só acontecem com a nossa participação. É preciso que cada um de nós faça a sua parte nos diferentes ambientes e em todos os momentos no sentido de estar mudando esta cultura de desrespeito e imposição de valores e comportamentos e promovendo uma maior visibilidade dos grupos minoritários em sua diversidade.

Meu nome não é psiu






Sobre a frase “Meu nome não é psiu” , posso afirmar que entre os homens é um equívoco muito comum confundir assédio com flerte. O homem que está imerso na cultura do estupro costuma consciente ou inconscientemente reproduzi-la como algo natural da “boa convivência” ignorando que esse suposto flerte pode estar representando de fato uma violência.

O fato de não haver, especificamente, o contato físico não tira a aura constrangedora ou traumática que uma situação como esta pode gerar. É comum ouvirmos relatos de que uma mulher se privou de fazer algo de que gosta por medo de assédio. Isto, além de significar uma forma de segregação, só reitera o imaginário social de que o corpo da mulher é público, e, como tal pode ser tocado sem a devida permissão.

É costumeiro achar que a violência sexual ocorre com maior frequência em ruas escuras e ambientes inóspitos. No entanto, a realidade mostra que esta violência é mais corriqueira no cotidiano urbano ou dentro das próprias famílias. Sendo assim, a ameaça está mais perto do que o imaginário popular descreve.

A objetificação e hipersexualização do corpo feminino, fruto de uma educação ultrapassada e machista, representa um maior agravante desse cenário. Isto se potencializa ainda mais se colocarmos em primeiro plano o corpo da mulher negra.

Portanto, nós, homens,  precisamos  olhar para nós mesmos e refletir sobre as nossas atitudes buscando desnaturalizar o problema num esforço coletivo em desconstruir essa masculinidade, arcaica, que é passada adiante como cultura. E o papel da educação é de extrema importância nesse processo.